quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Piloto automático


Quando foi que ligamos o piloto automático que regula grande parte do nosso cotidiano? Quem é esse “ piloto “ de onde vem o automático? Talvez seja uma forma de proteção, talvez seja loucura.
Bem, o que o seria esse piloto automático? Digamos que é toda e qualquer atitude sem pensar que tomamos pra facilitar nossa vida. Coisas que fazemos e viram hábitos. Economias de pensamento, olhar e atitudes. A nossa rotina está recheada de coisas assim. Algumas dessas atitudes corriqueiras de fato facilitam nossa vida, mas de outras só atrapalham o cotidiano da vida comum.
Vamos tornar a coisa factível. Quando você pega um ônibus, olha no olho do cobrador e dá bom dia e boa tarde antes de pagar a passagem? Faz isso com o ascensorista? Com o segurança da faculdade? Se dá bom dia, ou cumprimenta, alguns segundos depois você ainda consegue lembrar da fisionomia dele? Se não consegue, é por que ele é invisível para você. Ali não é enxergado o humano, mas sim a função que ele ocupa, sejam elas gari, barman, garçom, segurança, faxineiro, funcionário da copiadora, papelaria ou qualquer outro trabalho, considerado de menor importância pela maioria das pessoas. Esses são homens invisíveis.
Pois bem, para reconhecer ali um humano, não é preciso muito. Apenas um pouco mais de calma. É só desligar o piloto automático, ter calma na hora de conduzir as relações humanas. Não é fácil, desconstruir nossos hábitos. Essa maneira automática e apressada de viver é uma reação a quantidade de coisas que temos que fazer. Difícil falar em tempo para estudantes de arquitetura. Mas o que é maior, a arquitetura ou a vida? O convívio humano?
Pra passar a enxergar nas funções os humanos, é necessário um exercício de alteridade grande. Repensar e perceber que qualquer um de nós poderia ocupar aquele lugar.
No Rio de Janeiro, como em outras cidades grandes, as pessoas vivem apressadas. Vivem com o piloto automático ligado. Felizmente, ainda mantemos um pouco de cordialidade, que quanto ao convívio faz a cidade ser cordial. Até certo ponto. Este piloto automático não diz respeito só ao convívio. Podemos dar outro exemplo. No rio existem inúmeras belezas naturais. Pra quem é de fora da cidade, isso talvez pareça incompreensível. Mas a gente consegue “se acostumar“ com as praias e florestas, a ponto de passar inertes por toda a beleza de uma orla, sem dar uma pequena olhada. Um apreciada rápida que seja.
Mas esse piloto automático não é exclusividade das grandes cidades. Repare em você, no que outros hábitos você reproduz sem pensar. Como se fosse “ natural” alguma coisa é natural? Pense em como você consegue reparar naquela bela arquitetura, e como não consegue entrar na sua cabeça que outras pessoas passem inertes por um belo projeto.
Pense em todas as cores escondidas pelas nuvens da rotina, pra gente ver o que sobrou do céu . Vamos deixar de lado as cartas marcadas, pra repensar o dia a dia. Vamos deixar os papéis comuns, os reis e as damas de lado. Vamos fazer de nós mesmos, os curingas !
Vamos tirar as vendas que nós mesmos colocamos. A indiferença que usamos como viseira, pra não enxergarmos a vida que se passa a nossa volta. O morador de rua, a funcionária da bilheteria, a favela, e as pessoas que lá habitam. Os pedidos de esmolas. As crianças que usam drogas, e os adultos também. Vamos começar a nos desconstruir! A desconstruir nossos hábitos. Vamos fazer de nós a própria revolução. Mergulhar de cabeça contra a cegueira . Vamos incluir os outros em nossos sonhos. Vamos repensar a imagem sobre a nossa cidade. Sobre a cidade do Rio de Janeiro. E falando nisso, um encontro pode servir pra isso? Pra que serve um encontro hoje em dia? Pra que você vem a um encontro?
Partiu construir um encontro, desconstruindo nós mesmos?EREA rio 2010
Mais idéias sobre piloto automático? Sobre o que não é natural mas os hábitos nos fazer crer que sim?

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