domingo, 13 de dezembro de 2009

Caos Humano e Gentileza Urbana

Todo Encontro é temático. Sua temática está sempre ligada à cidade sede. Neste evento, a temática se chama: Caos Humano e Gentileza Urbana. Com essa frase síntese, a temática pretende discutir com os participantes do evento, melhorias para a vida nas grandes cidades, com o foco na cidade do Rio de Janeiro. No evento, a temática relaciona a arquitetura e o urbanismo, ao ambiente coletivo urbano. Falando sobre a própria relação dos cidadãos com a cidade, e como as mínimas atitudes do sujeito interferem no ambiente coletivo urbano. A partir desse ponto de vista coletivo, com o foco no cidadão, o encontro pretende discutir problemas e soluções para a capital carioca sobre questões como: Habitação, Transporte, Preservação de Patrimônio Histórico, Preservação Ambiental e Sustentabilidade da cidade.

Portanto o encontro visa uma reflexão da maneira em que hoje os cidadãos enxergam sua relação com a cidade, seu pertencimento dentro do meio urbano, para que se perceba onde na própria arquitetura e no urbanismo são influenciados por essa maneira de ser dos cidadãos com sua cidade.

O tema além de discutir a cidadania e a cidade, pretende também focar atenções na própria relação entre os cidadãos. Para que possamos ter uma cidade melhor, a partir de uma relação mais humana entre as próprias pessoas que habitam o ambiente coletivo. Logo é com esse olhar coletivo e humano que o encontro pretende conduzir suas discussões e palestras, fazendo da reflexão sobre a relação entre os humanos e a cidade o próprio motivo do encontro.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Piloto automático


Quando foi que ligamos o piloto automático que regula grande parte do nosso cotidiano? Quem é esse “ piloto “ de onde vem o automático? Talvez seja uma forma de proteção, talvez seja loucura.
Bem, o que o seria esse piloto automático? Digamos que é toda e qualquer atitude sem pensar que tomamos pra facilitar nossa vida. Coisas que fazemos e viram hábitos. Economias de pensamento, olhar e atitudes. A nossa rotina está recheada de coisas assim. Algumas dessas atitudes corriqueiras de fato facilitam nossa vida, mas de outras só atrapalham o cotidiano da vida comum.
Vamos tornar a coisa factível. Quando você pega um ônibus, olha no olho do cobrador e dá bom dia e boa tarde antes de pagar a passagem? Faz isso com o ascensorista? Com o segurança da faculdade? Se dá bom dia, ou cumprimenta, alguns segundos depois você ainda consegue lembrar da fisionomia dele? Se não consegue, é por que ele é invisível para você. Ali não é enxergado o humano, mas sim a função que ele ocupa, sejam elas gari, barman, garçom, segurança, faxineiro, funcionário da copiadora, papelaria ou qualquer outro trabalho, considerado de menor importância pela maioria das pessoas. Esses são homens invisíveis.
Pois bem, para reconhecer ali um humano, não é preciso muito. Apenas um pouco mais de calma. É só desligar o piloto automático, ter calma na hora de conduzir as relações humanas. Não é fácil, desconstruir nossos hábitos. Essa maneira automática e apressada de viver é uma reação a quantidade de coisas que temos que fazer. Difícil falar em tempo para estudantes de arquitetura. Mas o que é maior, a arquitetura ou a vida? O convívio humano?
Pra passar a enxergar nas funções os humanos, é necessário um exercício de alteridade grande. Repensar e perceber que qualquer um de nós poderia ocupar aquele lugar.
No Rio de Janeiro, como em outras cidades grandes, as pessoas vivem apressadas. Vivem com o piloto automático ligado. Felizmente, ainda mantemos um pouco de cordialidade, que quanto ao convívio faz a cidade ser cordial. Até certo ponto. Este piloto automático não diz respeito só ao convívio. Podemos dar outro exemplo. No rio existem inúmeras belezas naturais. Pra quem é de fora da cidade, isso talvez pareça incompreensível. Mas a gente consegue “se acostumar“ com as praias e florestas, a ponto de passar inertes por toda a beleza de uma orla, sem dar uma pequena olhada. Um apreciada rápida que seja.
Mas esse piloto automático não é exclusividade das grandes cidades. Repare em você, no que outros hábitos você reproduz sem pensar. Como se fosse “ natural” alguma coisa é natural? Pense em como você consegue reparar naquela bela arquitetura, e como não consegue entrar na sua cabeça que outras pessoas passem inertes por um belo projeto.
Pense em todas as cores escondidas pelas nuvens da rotina, pra gente ver o que sobrou do céu . Vamos deixar de lado as cartas marcadas, pra repensar o dia a dia. Vamos deixar os papéis comuns, os reis e as damas de lado. Vamos fazer de nós mesmos, os curingas !
Vamos tirar as vendas que nós mesmos colocamos. A indiferença que usamos como viseira, pra não enxergarmos a vida que se passa a nossa volta. O morador de rua, a funcionária da bilheteria, a favela, e as pessoas que lá habitam. Os pedidos de esmolas. As crianças que usam drogas, e os adultos também. Vamos começar a nos desconstruir! A desconstruir nossos hábitos. Vamos fazer de nós a própria revolução. Mergulhar de cabeça contra a cegueira . Vamos incluir os outros em nossos sonhos. Vamos repensar a imagem sobre a nossa cidade. Sobre a cidade do Rio de Janeiro. E falando nisso, um encontro pode servir pra isso? Pra que serve um encontro hoje em dia? Pra que você vem a um encontro?
Partiu construir um encontro, desconstruindo nós mesmos?EREA rio 2010
Mais idéias sobre piloto automático? Sobre o que não é natural mas os hábitos nos fazer crer que sim?

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sábado, 12 de setembro de 2009

Parte da solução, parte do problema, partirá de você!

Bateria afiada, carrapetas bem audíveis. De repente, sobe a guitarra com uma grande distorção. As vozes são raivosas, os versos cheios de virilidade. A banda se auto-intitula o pesadelo da musica pop. As rimas seguem com o peso do som, e a mistura de rock e rap leva uma longa letra. Um dos versos brada a seguinte frase: “Se não faz parte da solução, então faz parte do problema”. Quase tão difícil quanto ler e entender o nome da musica sem antes escutá-la é não pensar em nenhum dos assuntos tratados na letra. O gosto pela linguagem, pelo estilo do som é discutível, o conteúdo não. Pra quem quiser o youtube e todas as outras facilidades da internet, oferece vídeos retirados de DVDs, clipes, letra e cifra da música. O complicado nome assusta. Raprockandrollpsicodeliahardcoregga.
Mas especificamente este verso vale uma boa reflexão. No nosso país temos inúmeros exemplos de como a população enxerga o problema e a solução, mas não se inclui nela.
Há algum tempo, realizaram uma pesquisa em mais de 70% dos entrevistados reconhecia o problema da quantidade de lixo que produzimos, e apoiavam a reciclagem como uma das formas de ação. Mas no entanto só 12% reciclavam algum tipo de lixo em suas casas. Esse resultado é taxativo, é um exemplo claro. Mas falar de pesquisas e de população, sempre suscita um ar de distancia. Do tipo, nossa como eles são, veja como eles agem. Os que estão lá e não aqui. É sempre impessoal. Mas e nós? Fazemos parte da solução ou do problema? Questões de sustentabilidade e seus clichês são apenas a ponta do iceberg, o início de uma trama que se desenrola no cotidiano. O dia a dia é muito combustível para esse tipo de pergunta. E nós, que problemas enxergamos? Fazemos parte dele? Será que aquele velho pensamento de que cada um fazendo sua parte, ainda funciona? Se cada um for uma célula desconexa, fazendo o que acha justo, sem harmonia, o enredo vira o caos. E é da confusão, da inexistência de harmonia que se nutrem nossos problemas. Para citar outra musica de um barbudo nos anos 80: “Perderemos entre monstros da nossa própria criação”. Como anda sua cidade? Há caos? Há algo de errado? Você se enxerga parte importante dela? Se enxerga parte da solução? E aqueles que estão a sua volta, percebem até onde vão a conseqüência dos atos mais simples, como jogar uma guimba de cigarro no chão? Outra vez um clichê. Mas pra pegar outro exemplo. Furar uma fila, ou tentar pegar o ônibus fora do ponto. Isso acontece na sua cidade? Você compactua com isso? Critica quem avança o sinal vermelho, mas avança também? Onde está a gentileza com a cidade? A gentileza com a comunidade. As respostas das questões urbanas, só serão resolvidas quando o foco for humano. Não técnico, não romântico, não abstrato. Mas humano e cotidiano. Uma busca diária. EREA RIO 2010 – CAOS HUMANO E GENTILEZA URBANA. Pense no que é falho nos encontros de arquitetura, no que cada participante contribui para isso. No que você faz nessa corrente. Vem construir um encontro com a gente. Não se dê o rótulo de cliente, venha ser coletivo, vem com paz de espírito. Sem expectativas. Partiu construir um encontro?

Críticas, dúvidas e sugestões: ereario2010@gmail.com

terça-feira, 23 de junho de 2009

Gentilezas Urbanas

Estava lendo um livro do Jaime Lerner, Acupuntura Urbana, encontrei um capítulo muito interessante que chamou minha atenção imediatamente pelo título que tinha:“Gentileza Urbana”, me aprofundando na leitura acabei descobrindo que esse capítulo talvez pudesse se encaixar na temática proposta pelo EREA RIO 2010.

Primeiramente vamos nos tornar íntimos desses termos:

Acupuntura Urbana – “Sempre tive a ilusão e a esperança de que, com uma picada de agulha, seria possível curar doenças. O princípio de recuperar a energia de um ponto doente ou cansado por meio de um simples toque tem a ver com a revitalização deste ponto e da árera ao seu redor.” Jaime Lerner.

Gentileza Urbana – “Há alguns anos, um grupo de pessoas bem legal de Belo Horizonte, entre elas meu velho amigo Valério Fabris, conseguiu impor respeito entre as pessoas com atitudes que estimulavam o amor pela sua cidade. Cada gesto nesse sentido é uma gentileza urbana.

Desde então, surgiram periodicamente ações e idéias criativas que refletem a consciência das pessoas de que gentileza urbana é indispensável na vida das pessoas.” Jaime Lerner.

Fora isso temos citações de muitos exemplos de gentilezas urbanas, o caso da vaquinha da rua leopoldina em Belo Horizonte, era uma estátua da qual muitos moradores da cidade gostavam, até que ela foi gravemente depredada por vândalos e um morador atravessou a cidade com um balde de areia e cimento e reconstruiu a estátua e de tempos em tempos os moradores dão uma cara nova ao monumento, pintando-a de diverssas cores. No bairro de São Geraldo uma dona de casa montou um presépio na sala e recebe qualquer visitante que queira ver a obra, Oscar Niemeyer ao colocar suas esculturas nas areias da praia do Leme também praticou um ato de gentileza urbana.

Enfim, agora que já entendemos melhor esse conceito podemos entrar nas reflexões sobre o assunto, a base temática do EREA RIO era a de caos urbano e ação direta, usamos na nossa divulgação a filosofia de um personagem carioca que dizia que gentileza gera gentileza, então por que não gerar gentileza para com a nossa“cidade (maravilhosa)EREA”. Esse tipo de pensamento somado ao conceito de acupuntura urbana, ou seja pequenas intervenções que nós estudantes de arquitetura podemos promover durante nosso encontro, em diversos pontos da cidade, pode estimular de uma certa forma a interação do participante, dos moradores com a nossa cidade, ajudando a recuperar a sua identidade, sendo esse um tipo de ação direta.

Nos últimos tempos o que tenho observado é que o carioca está perdendo o amor pelo Rio de Janeiro, os indivíduos se mostram cada vez mais apáticos em relação aos problemas que afligem a população em geral, se fechando em condomínios, tornando semi-privado ou privado o espaço anteriormente público, colocando cancelas e guaritas em ruas locais, se encerrando em suas próprias casas, em seus computadores, e TV’s de plasma. Os parques, jardins, praças e até mesmo os cinemas estão sendo abandonados, tornando ainda maior a linha imaginária que separa as classes, de um lado a muralha dos condomínios de outro a fronteira da criminalidade das favelas.

Definitivamente está faltando abraço nesse EREA, está faltando interesse pelo próximo e está faltando gentileza urbana. Como abordar esse tema no nosso encontro? Como realizar uma verdadeira acupuntura no tecido urbano do Rio de Janeiro durante esses 05 dias?

Poderíamos começar levando nossos participantes para conhecer locais onde existia a interação social na nossa cidade e em algum momento isso se perdeu, fazer uma oficina de origamis, flores de papel e distribuí-las na Cinelândia, como antes já fez o profeta, chamando a tenção das pessoas para a pessoa ao lado, podemos revitalizar uma velha fachada numa bela rua, fazer um grafite no muro engraxado de uma oficina mecânica. Existem inúmeras possibilidades a serem exploradas pela nossa comissão. Estaremos em breve em Belo Horizonte que é umas das cidades que vive sob a filosofia da gentileza urbana, imaginem o quanto poderemos aprender nessa cidade, com a COMORG de lá, proponho que tentemos começar essa acupuntura na cidade na tentativa de desencadear um movimento maior ou de pelo menos deixar a marca da agulha para que as pessoas se lembrem.

Onde foi que se perdeu a gentileza? Onde foi que se perdeu o Gentileza?

Partiu fazer um encontro?

Leiam “Acupuntura Urbana”, Jaime Lerner - “o cara” que refez Curitiba.

Renan N. Paes

Estudante de Arquitetura e Urbanismo - UFRJ

ComORJ EREA RIO 2010.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

ComORJ





Extroversão

"A extroversão é caracterizada pelo interesse pelo objeto exterior, pela resposta e reação a esse objeto e por uma pronta aceitação dos acontecimentos externos, por um desejo de influenciar e ser influenciado pelos eventos, por uma necessidade de se incorporar e de se harmonizar com eles, pela capacidade de suportar - e realmente achar agradável - toda espécie de agitação e barulho, pela constante atenção dirigida para o mundo ao redor, pelo cultivo de amigos e conhecidos (...)"

(Jung - Psychological types. p. 39- em Daryl Sharp - Tipos de personalidade)

EREA Rio a extroversão do encontro!!!

Ode ao Rio de Janeiro, Pablo Neruda


"...Rio, Rio de Janeiro, quantas coisas tenho para te dizer. Nomes que nunca esquecerei, amores que amadurecem o seu perfume,encontros contigo, quando do teu povo uma onda agregue ao teu diadema a ternura, quando à tua bandeira de águas subam as estrelas do homem, não do mar, não do céu, quando no esplendor da tua auréola eu veja o negro, o branco, o filho da tua terra e do teu sangue, elevados até à dignidade da tua formosura, iguais na luz resplandecente, proprietários humildes e orgulhosos do espaço e da alegria, então, Rio de Janeiro, quando alguma vez para todos os teus filhos, e não somente para alguns, abrires o teu sorriso, espuma de morena náiade, então eu serei o teu poeta, chegarei com a minha lira para cantar em teu aroma e na tua cintura de platina dormirei, na tua areia incomparável, na frescura azul do leque que tu abrirás no meu sono como as asas de uma gigantesca borboleta marinha."