quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ode ao Rio de Janeiro, Pablo Neruda


"...Rio, Rio de Janeiro, quantas coisas tenho para te dizer. Nomes que nunca esquecerei, amores que amadurecem o seu perfume,encontros contigo, quando do teu povo uma onda agregue ao teu diadema a ternura, quando à tua bandeira de águas subam as estrelas do homem, não do mar, não do céu, quando no esplendor da tua auréola eu veja o negro, o branco, o filho da tua terra e do teu sangue, elevados até à dignidade da tua formosura, iguais na luz resplandecente, proprietários humildes e orgulhosos do espaço e da alegria, então, Rio de Janeiro, quando alguma vez para todos os teus filhos, e não somente para alguns, abrires o teu sorriso, espuma de morena náiade, então eu serei o teu poeta, chegarei com a minha lira para cantar em teu aroma e na tua cintura de platina dormirei, na tua areia incomparável, na frescura azul do leque que tu abrirás no meu sono como as asas de uma gigantesca borboleta marinha."

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