Arquitetura é mais que projetos, encontros são mais que eventos.
Qualquer projeto urbano tem uma responsabilidade imensa, qualquer projeto de arquitetura também. Uma das primeiras menções a responsabilidade técnica do fazer da arquitetura é do é do código de Hamurabi. Esse conjunto de leis da região da Mesopotâmia data de mais ou menos 1700 a.C. e vale aqui a referencia: “a responsabilidade profissional: um arquiteto que construir uma casa que se desmorone, causando a morte de seus ocupantes, é condenado a morte “. Pois bem, o que diremos da responsabilidade de um projeto em escala urbana? Um projeto que interferirá em umas tantas vidas, talvez centenas, talvez milhares.
Mas nós temos um problema da conjunção da técnica e do pensamento humano. É necessária uma capacidade de abstração, uma inventividade e certa abstenção que são difíceis de conjugar no projeto. É difícil dizer se a arquitetura está mais ligada a técnica ou ao lado humano. Dos dois ela sobrevive, ainda bem. Por que está distinção entre o que é “humano” e não é, parece uma esquizofrenia coletiva. Mas há um certo habito que nós precisamos mudar. Podemos pegar como exemplo uma situação semelhante que ocorre na medicina ocidental de uma maneira geral. Citemos a particularidade de duas escolas de medicina do Rio de Janeiro.
Na Universidade Federal do Rio de Janeiro e na Universidade Estadual, os estudantes de medicina são bombardeados com frases do tipo, “Vocês estão tratando de pessoas não de doenças.” Ou seja, há a preocupação na formação para que o futuro médico, não esqueça que há ali uma pessoa, um humano que tem suas particularidades. A luta é para que aqueles que fazem o juramento de Hipócrates, realmente façam o bem para o indivíduo, mas o enxergando, e não tendo o foco na patologia.
Algo semelhante pode acontecer na arquitetura. Aprendemos do inicio ao fim da faculdade, uma busca pela técnica de projeto, na luta por uma adequação artística entre forma e função, e outros tantos conceitos e valores. Só que aí também criamos a armadilha que pode nos pegar. Quando o processo de criação de um projeto vira “hábito”, só enxergamos o projeto e nada mais. Enquanto estamos testando e aprendendo na academia, na sala de aula, na prancheta e no computador não há problema. Mas quando a técnica tem de ser aplicada vida afora, o habito complica a rotina. E dessa abstração super utilizada, geramos sem perceber um certo tipo de viseira, e só enxergamos o que queremos. E se aqueles que deveriam projetar e se preocupar com a habitação, com a vida urbana, com a maneira em que vivemos na cidade, com a vida coletiva se abstém de seu papel a situação o quadro se mostra complicado. Em algum momento nós criamos problemas para nós com nossa própria historia, com a naturalização de atitudes que viram rotina, hábitos. Ainda bem que somos capazes de mudar, de querer ser outro.
Encontros de estudantes, também são mais que um simples evento. Cada um poderia dar umas dezenas de justificativas, para que “serviriam” os encontros estudantis. Mas hoje é fato de algumas executivas, algumas federações promovem encontros apenas para festas. Acho que eles podem ser mais que isso. Nós do EREA RIO, achamos que os encontros podem e devem ter compromisso com a formação dos futuros regentes de projetos de arquitetura e urbanismo. É pra isso e com isso que contamos com os participantes, apoios, diretores, oficiantes e convidados. A nossa formação se inicia no momento do ingresso na universidade, mas só termina junto do ultimo suspiro de vida. Sempre podemos mudar, assim também pensava o filósofo alemão Hegel, sobre o eterno devir da historia. E o EREA RIO, tentará coletivamente assumir sua posição ativa na formação dos estudantes que compõem a Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura. Vamos reagir nesse Caos Humano.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
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