Estava lendo um livro do Jaime Lerner, Acupuntura Urbana, encontrei um capítulo muito interessante que chamou minha atenção imediatamente pelo título que tinha:“Gentileza Urbana”, me aprofundando na leitura acabei descobrindo que esse capítulo talvez pudesse se encaixar na temática proposta pelo EREA RIO 2010.
Primeiramente vamos nos tornar íntimos desses termos:
Acupuntura Urbana – “Sempre tive a ilusão e a esperança de que, com uma picada de agulha, seria possível curar doenças. O princípio de recuperar a energia de um ponto doente ou cansado por meio de um simples toque tem a ver com a revitalização deste ponto e da árera ao seu redor.” Jaime Lerner.
Gentileza Urbana – “Há alguns anos, um grupo de pessoas bem legal de Belo Horizonte, entre elas meu velho amigo Valério Fabris, conseguiu impor respeito entre as pessoas com atitudes que estimulavam o amor pela sua cidade. Cada gesto nesse sentido é uma gentileza urbana.
Desde então, surgiram periodicamente ações e idéias criativas que refletem a consciência das pessoas de que gentileza urbana é indispensável na vida das pessoas.” Jaime Lerner.
Fora isso temos citações de muitos exemplos de gentilezas urbanas, o caso da vaquinha da rua leopoldina
Enfim, agora que já entendemos melhor esse conceito podemos entrar nas reflexões sobre o assunto, a base temática do EREA RIO era a de caos urbano e ação direta, usamos na nossa divulgação a filosofia de um personagem carioca que dizia que gentileza gera gentileza, então por que não gerar gentileza para com a nossa“cidade (maravilhosa)EREA”. Esse tipo de pensamento somado ao conceito de acupuntura urbana, ou seja pequenas intervenções que nós estudantes de arquitetura podemos promover durante nosso encontro, em diversos pontos da cidade, pode estimular de uma certa forma a interação do participante, dos moradores com a nossa cidade, ajudando a recuperar a sua identidade, sendo esse um tipo de ação direta.
Nos últimos tempos o que tenho observado é que o carioca está perdendo o amor pelo Rio de Janeiro, os indivíduos se mostram cada vez mais apáticos em relação aos problemas que afligem a população em geral, se fechando em condomínios, tornando semi-privado ou privado o espaço anteriormente público, colocando cancelas e guaritas em ruas locais, se encerrando em suas próprias casas, em seus computadores, e TV’s de plasma. Os parques, jardins, praças e até mesmo os cinemas estão sendo abandonados, tornando ainda maior a linha imaginária que separa as classes, de um lado a muralha dos condomínios de outro a fronteira da criminalidade das favelas.
Definitivamente está faltando abraço nesse EREA, está faltando interesse pelo próximo e está faltando gentileza urbana. Como abordar esse tema no nosso encontro? Como realizar uma verdadeira acupuntura no tecido urbano do Rio de Janeiro durante esses 05 dias?
Poderíamos começar levando nossos participantes para conhecer locais onde existia a interação social na nossa cidade e em algum momento isso se perdeu, fazer uma oficina de origamis, flores de papel e distribuí-las na Cinelândia, como antes já fez o profeta, chamando a tenção das pessoas para a pessoa ao lado, podemos revitalizar uma velha fachada numa bela rua, fazer um grafite no muro engraxado de uma oficina mecânica. Existem inúmeras possibilidades a serem exploradas pela nossa comissão. Estaremos em breve
Onde foi que se perdeu a gentileza? Onde foi que se perdeu o Gentileza?
Partiu fazer um encontro?
Leiam “Acupuntura Urbana”, Jaime Lerner - “o cara” que refez Curitiba.
Renan N. Paes
Estudante de Arquitetura e Urbanismo - UFRJ