sábado, 12 de setembro de 2009

Parte da solução, parte do problema, partirá de você!

Bateria afiada, carrapetas bem audíveis. De repente, sobe a guitarra com uma grande distorção. As vozes são raivosas, os versos cheios de virilidade. A banda se auto-intitula o pesadelo da musica pop. As rimas seguem com o peso do som, e a mistura de rock e rap leva uma longa letra. Um dos versos brada a seguinte frase: “Se não faz parte da solução, então faz parte do problema”. Quase tão difícil quanto ler e entender o nome da musica sem antes escutá-la é não pensar em nenhum dos assuntos tratados na letra. O gosto pela linguagem, pelo estilo do som é discutível, o conteúdo não. Pra quem quiser o youtube e todas as outras facilidades da internet, oferece vídeos retirados de DVDs, clipes, letra e cifra da música. O complicado nome assusta. Raprockandrollpsicodeliahardcoregga.
Mas especificamente este verso vale uma boa reflexão. No nosso país temos inúmeros exemplos de como a população enxerga o problema e a solução, mas não se inclui nela.
Há algum tempo, realizaram uma pesquisa em mais de 70% dos entrevistados reconhecia o problema da quantidade de lixo que produzimos, e apoiavam a reciclagem como uma das formas de ação. Mas no entanto só 12% reciclavam algum tipo de lixo em suas casas. Esse resultado é taxativo, é um exemplo claro. Mas falar de pesquisas e de população, sempre suscita um ar de distancia. Do tipo, nossa como eles são, veja como eles agem. Os que estão lá e não aqui. É sempre impessoal. Mas e nós? Fazemos parte da solução ou do problema? Questões de sustentabilidade e seus clichês são apenas a ponta do iceberg, o início de uma trama que se desenrola no cotidiano. O dia a dia é muito combustível para esse tipo de pergunta. E nós, que problemas enxergamos? Fazemos parte dele? Será que aquele velho pensamento de que cada um fazendo sua parte, ainda funciona? Se cada um for uma célula desconexa, fazendo o que acha justo, sem harmonia, o enredo vira o caos. E é da confusão, da inexistência de harmonia que se nutrem nossos problemas. Para citar outra musica de um barbudo nos anos 80: “Perderemos entre monstros da nossa própria criação”. Como anda sua cidade? Há caos? Há algo de errado? Você se enxerga parte importante dela? Se enxerga parte da solução? E aqueles que estão a sua volta, percebem até onde vão a conseqüência dos atos mais simples, como jogar uma guimba de cigarro no chão? Outra vez um clichê. Mas pra pegar outro exemplo. Furar uma fila, ou tentar pegar o ônibus fora do ponto. Isso acontece na sua cidade? Você compactua com isso? Critica quem avança o sinal vermelho, mas avança também? Onde está a gentileza com a cidade? A gentileza com a comunidade. As respostas das questões urbanas, só serão resolvidas quando o foco for humano. Não técnico, não romântico, não abstrato. Mas humano e cotidiano. Uma busca diária. EREA RIO 2010 – CAOS HUMANO E GENTILEZA URBANA. Pense no que é falho nos encontros de arquitetura, no que cada participante contribui para isso. No que você faz nessa corrente. Vem construir um encontro com a gente. Não se dê o rótulo de cliente, venha ser coletivo, vem com paz de espírito. Sem expectativas. Partiu construir um encontro?

Críticas, dúvidas e sugestões: ereario2010@gmail.com

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